TEXTOS

Solidão,
Solidão é estar por ai recolhido, abraçar a si mesmo,
É  ler que ninguém nunca está só e não conseguir acreditar.
É você velho na noite criança, e o amanhecer te guardar quando você cansa.
Solidão é a saudade em edição .
É você ter dez ou cem na cabeça, fabricando monólogos,
É a contentação pelo que vier, seja quem ou o que for.
Solidão é caminhar lento para o tempo se apressar,
É adormecer com pressa ébria pra não pensar na lembrança que vai se perdendo devagar.
Solidão é distância, profundidade, ausência, tamanho, dormência, grito calado, suspiro de asma.
Solidão é dor.
É você ter consigo mesmo todo o tempo pra não pensar, não ter pressa com nada, aprender a não se queixar, nem disto ou daquilo, não como os outros,  do seu jeito mesmo, do seu em particular.


É difícil falar de trabalho, de si mesmo, dos amigos, é difícil repetir-se diferente...
Cada um defini-se como pode, algumas pessoas não se veem únicas no espelho, são dependentes da hora do dia, humor,
repetem centenas de sorrisos iguais e todos são digerentes.
Morremos um pouco a cada dia, matamos nossa tenuidade em preservar os planos, ver todo dia que passa que você se amarrou tanto numa idéia lá atrás, hoje ja sem lógica pra ser conclusa, que não pensa que pode crescer diferentemente como tinha planejado.
Enfim,
morremos
matamos
a nós mesmo em tantos, em nós principalmente.


Vejo ainda como fui quando criança
Quando nova pelas ruas a mais linda
Fui princesa, mas todo reinado finda
Hoje tudo ficou só na lembrança
Como a fé do pedinte que não cansa
Sou excência dum passado de aventuras
As verdades que eu sabia as mais puras, 
Deus não deixa um filho esquecido
O silêncio da noite é que tem sido
Testemunha das minhas amarguras.

Lembro muito dos vários dissabores
Mas recordo também que fui amada
Por uns poucos até hoje sou lembrada
...Alguns ébrios, loucos e doutores
Meu presente hoje muito entardecido
Me jogou de cabeça nas agruras
Onde eu fui coroada de ternuras
Num passado eterno, adormecido
O silêncio da noite é que tem sido 
testemunha das minhas amarguras.



Edierque Santana no mote de Severina Branca



Cada vez mais sinto tudo, 
Cada vez mais sinto muito
Cada vez mais o coração
Cada vez mais em descompasso
Cada vez mais a visão
Cada vez mais ofuscada
Cada vez mais os planos,
Cada vez mais seu embaraço
O corpo, cada vez mais cansado
Cada vez menos, minto
Cada vez muito, menos
Cada vez nós, sozinho
Cada vez eu, metade
Cada vez mais, Eu!
Eu cada vez mais!

Diel



As lembranças vertiam com mais intensidade, impulsionadas por risos desvairados de um ébrio louco que num cantinho do bar adormecia a cidade para acordar sua existência.

Edierque Santana>>>


 
Ah!

Vez enquando me descrevem poética, trágica, destino, acaso...

Ando sempre amarrada aos calcanhares merecedores, mas quase nunca os trago comigo, prefiro companhias saudáveis.

Faço sempre grande alvoroço nas minhas aparições, sempre deixo lotados meus palcos e sempre nos olhares tristes e inconformados arranco atenção tal qual a que um filho tem quando pela primeira vez.

Sou uma doida, ou providência! tenham-me como quiserem!

Quebro um braço quando me buscam por necessidade, ou quando juram necessitar de mim, quando me imploram por um empurrãozinho a muitos ares do chão, ah!!! e eu emprurro! como empurro!

As vezes clamam pelo senhor maior, mas como assim?? Eu sou a maior sacada desse escritor e principal nesse drama por ele mesmo escrito.

Sou também a angústia e dor do pai que veste a roupa do filho para assim sentir dele um último abraço.

Sou o vazio que não cessa mesmo quando pás de areia encobrem o semblante cansado.

Meu nome tem um estridente som que sai molhado e penoso dos olhares que ficaram e ecoa estranhamente um desejo ainda maior por minha pessoa!

Sou o descanso para alguns, embora que muitas vezes tardio mas necessário e inaceitável por muitos.

Sou enfim, assim!

Me chamem pelo nome que melhor confortá-los!



Edierque Santana


11-novembro-2009 - na mesa Régis, Sumaia, Diel e "Raul" rsrs>>>


Poesia para embriagar
Corpo para sentir
Fome para saciar
Amor para comer
Coração para pulsar
Garganta para engolir
Sexo para acordar
Desejo para verter
Seio para beijar
Alma para despir
Boca para calar
Saudade para doer

Edierque Santana>>>

 

Parte de nós que não entendemos, é só uma parte dos outros tomando conta da gente, fazendo questão de não nos deixar entender quem são!

Edierque Santana>>>


Não quero a madrugada de sentimentos claros, nem a claresa da manhã sem os porques de todo dia.

Edierque Santana>>>


  



Avô, pai,mito, menino
Procura, fé, natureza, frustração
Ausência, ponte, instinto, abismo
Essência, ira, cumplicidade, solidão.

Sentimento, insônia, vazio, acalanto
Silêncio, insistência, palavra, conclusão
Horizonte, cegueira, abandono, desencanto
Lâmina, argumento, pulso, esplosão.

  
Edierque Santana>>>




Se por teus olhos me avesso e me derramo...
Se como poesia tomei teu olhar e dele me embriaguei.
Se por ele retorno a mim, é por ti que solfejo o distante de mim em teus braços, e o eu perto, nos conversamos em pensamento.
E é também por nós que distante ou perto existo, existes...
E, talvez exista, talvez por você, eu morra, talvez ja morta pra mim, a enterre.
O sina
l que esperava
Quando já um tanto cansado, era você, não sei se luz,
Não sei se noite
Acreditando confusamente assim, te guardo como se a tivesse,
Como se fôssemos,
Como dança,
Dançássemos.

Edierque Santana>>>



È um enredo gritante, o mais plausível que ouvi.
Açoita o peito e deixa estridente o ressoar das batidas e em sinfonia o descompasso.
Essa coisa de ontem que teima engolir meu presente, essa dor escrita me traz companhia visual de horizonte de lápides, dolorosas lembranças.
Mas que presente é esse que se permite passado?
E quando as colchas são de estr

elas e de retalhos a saudade, não me aquece, nem me permite sentir e saber, deixo gritos anormais tecerem uma contida alegria e envolto nela, vomito resquícios de uma tênue procura quando com passos apressados e trôpego esforço, tropecei na minha cabeça que pensava além.
Enfim desperto num espaço apertado das paradas entre batida e silêncio.
Busco visualizar alma em tudo quanto acontece, quero acontecer também, tatuar fato no olhar, não na pele, aí está! Aconteço!
Pinto rumores armados, seguem cegos meus pincéis seus esboços. Arquitetam minha lacuna e planos antes inúteis e sem nexo, sua inquietude: minha! Esse vazio, é sinal de início!
Começar de novo!
  
Edierque Santana>>>


Me conversando (faze estranha)

Eu aqui pensando em minhas entradas, saídas...
Depois de certo tempo, quem serei?
Quem sou?
Quem fui?
Que nada! Quero me saber só hoje!
Fazer o balanço de mim!
Balançar, descobrir o meu melhor, saber quando arrancar o talvez que me distancia da procura e adia o repouso.
Na volta, aprendi não contar com passos em companhia dos meus, aprendi que ser ou estar sozinho é mais fácil que costumava pensar. Que fazer-se presente sempre nem sempre é fácil, nunca é, principalmente quando se toma as decisões que precisa.
Como fui bobo na primeira vez...
Todos somos um dia.
Alguns pelo menos uma vez.
Outros a vida inteira.
Lembro ter dançado muito em meio a temporais, alegrias estranhas mas, alegrias. Fui eu muitas vezes a tormenta.
Me dirigi, ou me permiti ser guiado, até aqui onde me encontro hoje, "a esta bela calmaria"!
Aquela brisa que costumava vir lenta, cheirando a molhado e sombreando os olhares, costumava ser eu. Era eu também muitas vezes passarela para alheios passos apressados em me passar para trás, e passavam, como passavam! Com a mesma pressa e indiferença que a das circunstâncias bizarras!
Outubro! Outubro! Reaver-me!
Dobrei!
Dobrarei!
Dobro noites, acordo os normais, mas instintivamente deixo de pensar demais, o dia não amanhece para mim!
Adormeço para ele, como a coruja branca!
Para a madrugada anoiteço, me faço lua em todas as suas fases, sorriu a má sorte dos pardais diante da majestosa! Contemplação aos olhos de praça.
Adormeço no dia para descanso da inquietude de mãe, peço bênção.
Fabriquei muitas vezes, planos que me levaria semanas.
Vai devagar nessa!
Nessa brincadeirinha séria e despretensiosa ou pretensiosa demais, vâo-se anos! Valiosos anos! E você? Não mais no controle, passageiro de sua própria vidinha. Vez em quando vem um "desembexto" de carreira!
Sai de baixo!
Na vida que costumo chamar de minha, e dirigir eximio quando ébrio, pelo menos assim acredito, pois bem! Tenho o dom de me colocar frente a decisões confusas, me afastar de seguranças, companhias?
Que nada!
Lucidez ainda que tardia!
Os amores! Êh! Palavrinha insonte! Sei não se é! Incômodo maravilhoso de sentir! De ser sentido! Melhor é o amanhecer disto!
Maravilhosa ressaca!
De até vomitar! Lavar o estômago e mal dizer o alimento! Mas, cada gota de cansaço orvalhou-me! Que dádiva.
Como trabalhei pouco meu momento, devo estar triste por não ter um filho para carregar no colo, ou feliz por ele não me ter onde estou hoje?
Pular de alegria por estar "livre", ou infeliz por la fora não ter uma mulher para chamar de minha?
Espera um pouco destino pelos outros mal traçado!
Estais aqui para representar a mim ou quem quer que seja aqui no futuro, mas esse ai não escolhi para mim, dramatizando demais!
Como estava dizendo, se não estava é bom dizer agora: Se não sei para onde vou, qualquer lugar ou nenhum serve.
Opa! Opa! Opa! Opa! Rapaz!
Não sei o quê!? Saí daí porque sei!
E sei mais sombra minha, quero estar também no Café Cultura, contemplar onde for o "Se for pra ser... NÃO PERMITA!"
E arrancar deste o que de mim não é!
Enquanto minha divina trindade for de copo, solidão e vontade, só vontade... Se for pra ser...
NÃO PERMITA!!!
Então é assim que ficamos? Não temos participação nenhuma neste presente?
Não transpus as tuas pontes mais difíceis? Não te arranquei deste recinto o qual me encontro? Me encontrei?...
Quer dizer que é assim mesmo? Que o você hoje no amanhã não serei? Que... que você vai se permitir ser... sou isso amanhã por sua escolha hoje!? Olha e sente orgulho! Sou filho de toda decisão fácil...
"Saber meus limites, entre a vida e a morte
Saber teus limites, onde vais?
Onde não me acham, onde sou eu, onde me entendo, me quero.
Onde estou encurralado entre o sentimento e o desejo da minha mão na tua mão,
Do meu verso sendo o teu verso, do meu sentir sendo a tua embriaguez.
Se te entendo não me reconheço, pois és embriaguez,
E embriagado de ti, me perco em loucura."
Resto dos dias, crepúsculos, madruguei como personagem, aquele desastroso, embriagado de dúvidas, louco, circunstância, volúpia, desencanto, cópia deste, daquele... vivência alheia, nunca minha há de ser. Na verdade, de mim, não sei bulhunfas, tu sabes? Não de mim, de tu! Sabes?! E se for pra ser?
Não permita!!!

Edierque Santana>>> 


A mão carinhando meu rosto numa despedida sem palavra deixa a cena, leva meu pensamento deixando um corpo de curvas que pesa na lembrança do meu. O que faz meu pensamento em tuas passadas lentas que tardam em desaparecer do olhar?
Abres a porta ja distante, e escuto a pausa, quando teu cabelo dança num breve olhar para trás, não me vê, fiquei lá, percebes, nem teu passo para ficar nem o meu para t

e seguir.
Não sei se existi mais na tua despedida, ou se comigo ali ficando, tu existiu. Sei que existimos num instante distante de nós, tu la, eu aqui.
Existes ainda? De mim não sei, não me encontro mais no lugar que fiquei, mas buscando existir diferente, as vezes volto, ainda sinto teu cheiro naquele deserto.

Edierque Santana>>>


Quando abria os olhos, a mulher encontrava-se extasiada na "escursão" das mãos e sexo vestindo sua alma nua e trêmula no espaço inexistente entre os corpos.
O orgasmo fazia manhã na cumplicidade sentida na carne, encontrava ali, a mais perfeita tradução que já lera sobre si mesma, deixara um cheiro encarnado de prazer inédito na rua.


Edierque Santana>>>  


Observando os débeis escritores de minha peça, percebo que em determinados atos esqueceram de colocar censo de humor, eles deviam estar encharcados de cansaço e ressaca num barzinho de passados, permitindo a tragédia num intervalo qualquer da lógica.
Já é outubro e as cinzas da quarta do mês e festa que estava por vir e que vieram antecipando o vazio, atordoam ainda na lembrança.
Um nove sem dois

mil, ano de surpresa e final janeiro.
Às margens do caminho, a tardia e precisa aceitação das perdas e bagunça, os amores inabaláveis e seus abandonos, é quem por fim avessa a dança, faz de mil personagens um só, em monólogos repetidos sentir diferente e novo, e no vazio da platéia e seu silêncio, estrondozo grito, e como disse o poeta "O que há de grito em mim me silencia", a calma antes inexistente em mim, espanta, busco fazer diferença na vida das pessoas, me faz perceber que fizeram e farão sempre muito mais na minha e é onde se escreve Doralice, Eulália, Fillipe, Edson e SAUDADE, e você? alimento dela.
 
Edierque Santana 14-agosto-2009 ->>>